Há dez anos levando música e oportunidades à vida de pessoas

“Sem música, a vida seria um erro” - (Friedrich Nietzsche)

O Rio de Música nasceu em 2013, após uma visita ao Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, do músico Bruno Aguilar guiado por Antônio Carlos da Costa, fundador da ONG Rio de Paz, que está na comunidade desde 2007. Durante o percurso, impressionaram-se com a violência, o barulho e a sujeira. E saíram dali motivados pelo desejo de criar uma escola de música, democratizando conhecimento, dando oportunidades, ouvindo e sendo ouvidos, aprendendo e ensinando. "Professores aderiram à ideia e, logo, estávamos oferecendo aulas de canto, flauta, violão, baixo, teclado, bateria, percussão... Era preciso fazer barulho, era preciso fazer som!", relembra o músico.

Bruno começou, então, com a ajuda de voluntários, a organizar a obra da sede do Rio de Música. Foram dois anos de dedicação até que duas salas fossem inauguradas, em 2016. Dois dias depois, porém, uma troca de tiros entre policias e traficantes quebrou todos os vidros da fachada, sem feridos. Apesar de triste, esse episódio fortaleceu o projeto. “A comunidade nos convenceu a não ir embora. Não saímos e retomamos nossas atividades”, ressalta Bruno. Passados 15 dias, no entanto, outro conflito atingiu a sede. Desta vez a estratégia de superação mudou. Além de transformar, o Rio de Música precisava preservar vidas.

Acolhidos pela Biblioteca Parque de Manguinhos, alunos e professores seguiram na delicada arte de aprender e ensinar. Para isso, a doação de grandes músicos das cenas carioca e nacional foi fundamental, assim como o apoio financeiro da família Fraga (Sylvio, Lucyna e Armínio). Mas ainda não estávamos à vontade nesta nova casa. As condições eram péssimas na biblioteca. Sujeira, livros espalhados pelo chão, equipamentos de audiovisual cobertos de poeira, moscas e invasões. E, assim, o desprezo do estado pela cultura e pelo saber nos expulsou de lá.

Em maio de 2018, encontramos no Colégio Estadual Professor Clóvis Monteiro um cenário inspirador: imensa quantidade de alunos instigados pela chance de adquirir novos conhecimentos, um espaço repleto de árvores e grande potencial. Por mais que existam as dificuldades típicas de qualquer escola pública no Brasil, ali reside a esperança de mudar, transformar vidas. Por ali decidimos seguir adiante na missão de unir o lado lúdico da música à disciplina que ela requer, conscientizar os alunos em um ambiente de alegria. Com o dinheiro captado através de nossa campanha de colaboração coletiva, iniciada em março do mesmo ano, reformamos três salas de aula, recuperamos o telhado destruído e trocamos a fiação elétrica. Fechamos o primeiro semestre com cerca de 50 alunos e fila de espera para alguns instrumentos. Precisamos, podemos e vamos crescer mais.